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Conquista do centro de Moçambique

Conquista do centro de Moçambique A conquista no centro de Moçambique foi levada a cabo pela Companhia de Moçambique. Logo após a criação da Primeira Companhia de Moçambique, o seu fundador, Paiva de Andrade, iniciou contactos com as aristocracias locais mais influentes tentando obter concessões. Em 1889, Paiva de Andrade conseguiu um acordo com Ngungunhane, pelo qual reconhecia Companhia direitos mineiros em Manica. Contudo, a presença portuguesa no interior continuou muito frágil. A ideia de que Manica era bastante rica em ouro originou disputas entre os portugueses e os ingleses, que sé foram ultrapassadas com a assinatura do Acordo de Fronteiras entre Portugal e Inglaterra de 27 de Junho de 1891. Durante este período, a questão da ocupação passou para segundo Plano. Terminados os conflitos entre Portugal e Inglaterra, a Companhia de Moçambique retomou os esforços para a ocupação das terras de Manica. Vejamos as principais acções nesse sentido: 1893 – Acordo entre a Companhia e o Estado de Gaza segundo o qual Ngungunhane renunciava aos impostos a norte do Save a favor da Companhia. 1895 – Os portugueses desencadearam a campanha de Gaza, tendo a Companhia organizado expedições militares ao Buzi e Moribane visando impedir que se solidarizassem com Ngungunhane. 1896 – Novas expedições para Moribane, Buzi, Save e Chichongue, destinadas a extinguir a influência Nguni e firmarem a autoridade da Companhia. 1893 – Os prazos de Tambara, Chiramba e ilhas vizinhas foram submetidos por uma força chefiada por Paiva de Andrade. Uma expedição da Companhia e uma coluna portuguesa permitiram estender a cobrança do mussoco à área de Sena. 1892 – A morte de Gouveia permite Companhia dominar Gorongosa após sufocar uma revolta liderada por Cambuemba. Após a derrota, Cambuemba reorganizou as suas forças, reforçando-as com camponeses. 1896 – Uma força de 2000 homens liderada pelo filho de Cambuemba atacou Gorongosa e cercou a residência do governador da Companhia, mas a iniciativa foi reprimida. Em seguida, Cambuemba assinou acordos com Massangano e Barué para o fornecimento de armas e em 1897 tinha um exército com 5 a 10 mil homens. 1897 – Inicia o levantamento, tendo as suas forcas expulsado os portugueses dos prazos de Bandar, Tambara, Inharruca e Sone e bloqueado a navegação do Baixo Zambeze. Foram então enviados reforços de Portugal, Niassa, Tete e Quelimane. As tropas de Cambuemba e seus aliados Gizi e Luís de Gorongoza foram derrotados e estes obrigados a refugiar-se em Barué. Revolta de Báruè Apos a queda dos estados militares, Báruè passou a ser o único estado, em Manica e Sofala, fora do controlo dos portugueses. Báruè foi produto da desagregação do Estado dos Muenemutapa, que conseguiu resistir devastação dos Nguni e as disputas com os estados militares vizinhos. Entre 1870 e 1892 esteve sob controlo de Gouveia, que usurpou o poder e tentou submeter Chipapata. Para reforçar o seu poder andou construir aringas e fortificações pequenas onde instalou forças chicunda. Para tentar legitimar o seu poder, colocou as suas principais esposas nas aringas mais importantes, de onde o informavam sobre a situação. Contudo, a oposição manteve-se. A prisão de Manuel António de Sousa «Gouveia» juntamente com Paiva de Andrade pelas forças da BSAC, em 1890, permitiu ao macombe Hanga, filho de Chipapata reagrupar as suas tropas e restaurar a independência do reino. Após ser libertado em 1891, Gouveia atacou Báruè com um exército de cerca de 4 000 homens, mas foi derrotado. A partir deste acontecimento, o prestígio de Báruè, como foco de resistência, aumentou, começando a preocupar a própria coroa portuguesa, que decidiu intervir. A 30 de Julho de 1902, três pelotões de soldados portugueses e africanos e 2000 soldados de reserva invadiram Báruè. As tropas africanas comandadas por Hanga, Mafunda, Cambuemba, Cabendere e outros foram derrotadas no final do ano e aí instalada a administração colonial. Por que ocorreu a derrota? Elevado número de reforços vindos de Angola, Inhambane, Lourenço Marques e norte de Moçambique. Inovações tecnológicas no armamento. Erros tácticos e deserções. A derrota de 1902 não foi, contudo, definitiva. Novas acções de resistência, como os levantamentos contra o mussoco, as fugas para fora do pais e outras, continuaram a registar-se. O ponto mais marcante da resistência, nesta fase, foi atingido com a Revolta de Báruè de 1917/8. Causas da revolta de Báruè 1914 – o governo português mandou construir uma estrada ligando Tete a Macequece passando por Báruè com a finalidade de conseguir maior controlo administrativo do interior e facilidade de recrutamento de homens para a luta contra os alemães (IGM). O recrutamento de milhares de camponeses para trabalhar nas obras em regime forçado. Paralelamente, os camponeses estavam sujeitos a pagar impostos cada vez mais altos. 1916 – A situação agravou-se devido å decisão do governo português de recrutar 5000 homens para a guerra contra os alemães. Face a estes acontecimentos, os principais chefes de Báruè, nomeadamente, Nongué-Nongué e Macossa decidiram reorganizar o exército para lutar contra os portugueses. Estes chefes conseguiram juntar cerca de 15 000 guerreiros e atraíram Gorongosa, Tauara, Nsenga, Tonga e grupos a-chicunda para a luta. Os preparativos terminaram em 1916 com a formação de três frentes: Frente Sudeste: comandada por Macossa, apoiado por Ngaru, à frente dos exércitos de Báruè, Sena, Tonga e Gorongosa, com a missão de capturar Sena e destruir as propriedades da Companhia de Moçambique. Frente de Mungari-Tete: liderada por Nongué-Nongué e Cuedzania frente do exército conjunto Barué-Tauara. Frente Noroeste: onde as tropas de Tauara, Nsenga e grupos a-chicunda deviam expulsar os portugueses de Zumbo, Cachomba e Chicoa. A rebelião começou em Margo de 1917, espalhando-se rapidamente pelo Zumbo, Tonga e Sena. A revolta sé foi reprimida em Novembro de 1 920, devido a: Incorporação de soldados Nguni e de mercenários vindos da Rodésia do Sul. Conflitos e deserções entre os membros da elite da resistência. Com a derrota de Báruè colocou-se ponto final resistência primária armada contra a ocupação colonial no centro de Moçambique. Bibliografia SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 – História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017. FONTE: Escola Virtual Moçambicana> Disponível em escolamz.com. Publicado aos: 2023-10-08 06:02:00

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Conquista do centro de Moçambique

A conquista no centro de Moçambique foi levada a cabo pela Companhia de Moçambique. Logo após a criação da Primeira Companhia de Moçambique, o seu fundador, Paiva de Andrade, iniciou contactos com as aristocracias locais mais influentes tentando obter concessões.

Em 1889, Paiva de Andrade conseguiu um acordo com Ngungunhane, pelo qual reconhecia Companhia direitos mineiros em Manica. Contudo, a presença portuguesa no interior continuou muito frágil.

A ideia de que Manica era bastante rica em ouro originou disputas entre os portugueses e os ingleses, que sé foram ultrapassadas com a assinatura do Acordo de Fronteiras entre Portugal e Inglaterra de 27 de Junho de 1891. Durante este período, a questão da ocupação passou para segundo Plano.

Terminados os conflitos entre Portugal e Inglaterra, a Companhia de Moçambique retomou os esforços para a ocupação das terras de Manica. Vejamos as principais acções nesse sentido:

  • 1893 – Acordo entre a Companhia e o Estado de Gaza segundo o qual Ngungunhane renunciava aos impostos a norte do Save a favor da Companhia.
  • 1895 – Os portugueses desencadearam a campanha de Gaza, tendo a Companhia organizado expedições militares ao Buzi e Moribane visando impedir que se solidarizassem com Ngungunhane.
  • 1896 – Novas expedições para Moribane, Buzi, Save e Chichongue, destinadas a extinguir a influência Nguni e firmarem a autoridade da Companhia.
  • 1893 – Os prazos de Tambara, Chiramba e ilhas vizinhas foram submetidos por uma força chefiada por Paiva de Andrade. Uma expedição da Companhia e uma coluna portuguesa permitiram estender a cobrança do mussoco à área de Sena.
  • 1892 – A morte de Gouveia permite Companhia dominar Gorongosa após sufocar uma revolta liderada por Cambuemba. Após a derrota, Cambuemba reorganizou as suas forças, reforçando-as com camponeses.
  • 1896 – Uma força de 2000 homens liderada pelo filho de Cambuemba atacou Gorongosa e cercou a residência do governador da Companhia, mas a iniciativa foi reprimida. Em seguida, Cambuemba assinou acordos com Massangano e Barué para o fornecimento de armas e em 1897 tinha um exército com 5 a 10 mil homens.
  • 1897 – Inicia o levantamento, tendo as suas forcas expulsado os portugueses dos prazos de Bandar, Tambara, Inharruca e Sone e bloqueado a navegação do Baixo Zambeze. Foram então enviados reforços de Portugal, Niassa, Tete e Quelimane.

As tropas de Cambuemba e seus aliados Gizi e Luís de Gorongoza foram derrotados e estes obrigados a refugiar-se em Barué.

Revolta de Báruè

Apos a queda dos estados militares, Báruè passou a ser o único estado, em Manica e Sofala, fora do controlo dos portugueses.

Báruè foi produto da desagregação do Estado dos Muenemutapa, que conseguiu resistir devastação dos Nguni e as disputas com os estados militares vizinhos.

Entre 1870 e 1892 esteve sob controlo de Gouveia, que usurpou o poder e tentou submeter Chipapata. Para reforçar o seu poder andou construir aringas e fortificações pequenas onde instalou forças chicunda. Para tentar legitimar o seu poder, colocou as suas principais esposas nas aringas mais importantes, de onde o informavam sobre a situação. Contudo, a oposição manteve-se.

A prisão de Manuel António de Sousa «Gouveia» juntamente com Paiva de Andrade pelas forças da BSAC, em 1890, permitiu ao macombe Hanga, filho de Chipapata reagrupar as suas tropas e restaurar a independência do reino. Após ser libertado em 1891, Gouveia atacou Báruè com um exército de cerca de 4 000 homens, mas foi derrotado.

A partir deste acontecimento, o prestígio de Báruè, como foco de resistência, aumentou, começando a preocupar a própria coroa portuguesa, que decidiu intervir.

A 30 de Julho de 1902, três pelotões de soldados portugueses e africanos e 2000 soldados de reserva invadiram Báruè. As tropas africanas comandadas por Hanga, Mafunda, Cambuemba, Cabendere e outros foram derrotadas no final do ano e aí instalada a administração colonial.

Por que ocorreu a derrota?

  • Elevado número de reforços vindos de Angola, Inhambane, Lourenço Marques e norte de Moçambique.
  • Inovações tecnológicas no armamento.
  • Erros tácticos e deserções.

A derrota de 1902 não foi, contudo, definitiva. Novas acções de resistência, como os levantamentos contra o mussoco, as fugas para fora do pais e outras, continuaram a registar-se. O ponto mais marcante da resistência, nesta fase, foi atingido com a Revolta de Báruè de 1917/8.

Causas da revolta de Báruè

1914 – o governo português mandou construir uma estrada ligando Tete a Macequece passando por Báruè com a finalidade de conseguir maior controlo administrativo do interior e facilidade de recrutamento de homens para a luta contra os alemães (IGM). O recrutamento de milhares de camponeses para trabalhar nas obras em regime forçado.

Paralelamente, os camponeses estavam sujeitos a pagar impostos cada vez mais altos.

1916 – A situação agravou-se devido å decisão do governo português de recrutar 5000 homens para a guerra contra os alemães.

Face a estes acontecimentos, os principais chefes de Báruè, nomeadamente, Nongué-Nongué e Macossa decidiram reorganizar o exército para lutar contra os portugueses.

Estes chefes conseguiram juntar cerca de 15 000 guerreiros e atraíram Gorongosa, Tauara, Nsenga, Tonga e grupos a-chicunda para a luta.

Os preparativos terminaram em 1916 com a formação de três frentes:

  • Frente Sudeste: comandada por Macossa, apoiado por Ngaru, à frente dos exércitos de Báruè, Sena, Tonga e Gorongosa, com a missão de capturar Sena e destruir as propriedades da Companhia de Moçambique.
  • Frente de Mungari-Tete: liderada por Nongué-Nongué e Cuedzania frente do exército conjunto Barué-Tauara.
  • Frente Noroeste: onde as tropas de Tauara, Nsenga e grupos a-chicunda deviam expulsar os portugueses de Zumbo, Cachomba e Chicoa.

A rebelião começou em Margo de 1917, espalhando-se rapidamente pelo Zumbo, Tonga e Sena.

A revolta sé foi reprimida em Novembro de 1 920, devido a:

  • Incorporação de soldados Nguni e de mercenários vindos da Rodésia do Sul.
  • Conflitos e deserções entre os membros da elite da resistência. Com a derrota de Báruè colocou-se ponto final resistência primária armada contra a ocupação colonial no centro de Moçambique.

Bibliografia

SUMBANE, Salvador
Agostinho. H9 – História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo:
2017.

FONTE: Escola Virtual Moçambicana> Disponível em escolamz.com. Publicado aos: 2023-10-08 06:02:00

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