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A Arte e a Moral: relação mútua?

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Resumo sobre a Relação entre a Arte e a Moral

Alguns filósofos, como Platão, Aristóteles e Vico, estabelecem de forma mais ou menos direta a relação da arte com a moral, condenando as obras de arte que consideram moralmente censuráveis.

Platão, o primeiro filósofo a abordar o problema estético, afirma que a arte é fruto do anelo que impulsiona a alma em direção à imortalidade.

Para alcançá-la, a alma busca e gera o belo, antecipando, assim, a vida feliz. No mundo das ideias, a alma vive feliz através da contemplação da beleza existente. Para alcançar a felicidade na vida terrena, a alma e o belo se conectam por meio de imitações da Beleza.

A moral assume ainda mais importância devido à sua relação com a arte. Platão afirma que a arte deve se subordinar à moral. Portanto, apenas a arte que é útil para a educação deve ser favorecida, enquanto aquela que promove a corrupção deve ser condenada e excluída.

Por esse motivo, Platão condena a tragédia e a comédia, pois são formas de arte imitativa que se afastam da verdade (do mundo das Ideias), em vez de se aproximarem dela.

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Platão: a arte é fruto do anelo que impulsiona a alma em direção à imortalidade.

Platão, o primeiro filósofo a abordar o problema estético, afirma que a arte é fruto do anelo que impulsiona a alma em direção à imortalidade.

A arte é mais do que apenas uma expressão criativa ou uma forma de entretenimento; ela é vista como uma busca pela imortalidade da alma. Platão, um dos mais influentes filósofos da Grécia Antiga, acreditava na existência de um mundo das ideias eternas e perfeitas, e via a arte como uma tentativa de alcançar e refletir essas formas ideais.

Nesse sentido, a arte seria um meio pelo qual a alma humana busca transcendência e uma conexão com o divino ou o eterno. Essa perspectiva platônica sobre a arte também sugere que sua criação e apreciação são impulsionadas por um desejo profundo de alcançar algo além da existência terrena, algo que perdure para além da vida física.

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Platão condena a tragédia e a comédia

Platão condena a tragédia e a comédia, pois são formas de arte imitativa que se afastam da verdade (do mundo das Ideias), em vez de se aproximarem dela.

Platão via a arte imitativa, especialmente a poesia dramática, como uma forma de imitação ou representação de um mundo de aparências, que ele acreditava ser inferior ao mundo das Ideias ou Formas eternas e perfeitas.

Platão argumentava que a arte imitativa, ao retratar personagens e situações que muitas vezes não correspondem à verdade ou à realidade essencial, pode ser enganosa e corruptora para a alma.

Ele estava preocupado com o fato de que os espectadores poderiam se identificar excessivamente com os personagens das tragédias e comédias, absorvendo suas emoções e comportamentos, sem considerar a verdadeira natureza do mundo e das virtudes.

Platão defendia a censura da arte imitativa na educação dos cidadãos, favorecendo em vez disso formas de arte que promovessem a contemplação das Formas eternas e a busca pela verdade. Ele via a música e a poesia lírica, por exemplo, como formas de arte mais adequadas para esse propósito, pois podiam elevar a alma em direção ao conhecimento das Ideias e inspirar virtude e sabedoria.

No entanto, é importante notar que a posição de Platão em relação à arte imitativa não é necessariamente uma condenação absoluta de toda a arte, mas sim uma crítica específica à forma como ela pode ser usada e interpretada. A discussão sobre a relação entre arte, verdade e moralidade permanece um tópico relevante e debatido até os dias atuais.

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Platão condena as artes imitativas por diversas razões:

  1. Representam deuses e heróis com paixões humanas, perdendo respeito.
  2. Não expressam a ideia original das coisas (sendo uma imitação imperfeita e, portanto, distante da verdade).
  3. São fundamentadas nos sentimentos e não na razão, agitando as paixões e provocando prazer e dor. Platão defende que a arte digna de ser cultivada, na sua visão, é a música, que educa para o belo e molda a alma para a harmonia interior.
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Crítica da Razão Prática – Kant

Kant, na “Crítica da Razão Prática”, afirma que a razão humana não apenas tem a capacidade de conhecer, mas também a capacidade de determinar a vontade para agir moralmente. Assim, o objetivo da segunda crítica é estudar como a razão determina a vontade para agir moralmente.

Em suas observações sobre a estética do belo e do sublime, Kant atribui virtudes e adjetivos estéticos. A compaixão e a condescendência são consideradas belas e atraentes, enquanto a virtude genuína de um homem justo e de coração nobre é vista como sublime.

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Kant diferencia o agradável, o belo e o bom

Kant diferencia o agradável, o belo e o bom em sua “Crítica do Juízo”. O interesse principal está no que nos agrada ou no que é bom, mas não necessariamente no que é belo.

A beleza proporciona uma satisfação desinteressada e livre, surpreendendo-nos inesperadamente. É um prazer que não depende do nosso desejo, sendo uma experiência que nos cativa pelas formas belas. Assim, é essencial distinguir o estético do ético, sendo a separação evidenciada pelo interesse ausente no primeiro e presente no segundo.

No entanto, o belo e o bom compartilham características:

  • Agradam imediatamente;
  • São universalmente compartilháveis;
  • São inspirados por uma forma (de imaginação e da lei moral);
  • São livres (a vontade depende apenas das prescrições da razão).

Uma perspectiva diferente e contestadora foi apresentada por Benedetto Croce, que defende a total autonomia da arte, afirmando que para ser verdadeira arte, deve expressar genuinamente os sentimentos íntimos do artista.

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A verdadeira arte requer expressar o que está dentro de si mesmo

Segundo Mondin, a verdadeira arte requer expressar o que está dentro de si mesmo, e argumenta que quem o expressa bem é o artista.

No entanto, o homem e o artista são realidades distintas. Para ser um artista, basta expressar bem seus próprios sentimentos, enquanto o homem também deve ser moral, sábio e prático. Portanto, embora o artista não esteja sujeito moralmente como artista, ele está sujeito moralmente como homem.

Conforme defendido por Croce, se a arte está aquém da moral, não está nem de um lado nem do outro, mas sob seu império está o artista como ser humano, que não deve se esquivar de seus deveres como homem, e a própria arte deve ser considerada como uma missão e praticada como um sacerdócio. Assim, a moralidade do artista é uma realidade inerente a si mesmo, como ser humano.

Se o artista observar as normas morais, certamente produzirá obras suscetíveis de serem classificadas como imorais, pois a obra de arte é a expressão do sentimento íntimo do artista.

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