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África e Moçambique na época das Revoluções Burguesas na Europa

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África e Moçambique na época das Revoluções
Burguesas na Europa

Como já vimos no primeiro capítulo, a partir do século XV
a expansão europeia no mundo levou a África os primeiros europeus,
particularmente para a costa ocidental do continente.

Desde esse período, e ao longo de quatro séculos, os
europeus foram-se fixando ao longo da costa africana, dedicando-se ao comércio
com as comunidades africanas.

Os europeus levavam de Africa ouro, marfim e escravos em
troca de armas de fogo, bebidas, tecidos e outros produtos manufacturados pela
indústria europeia.

Tal como acontecia com os árabes, a partir do século VI,
os europeus, entre os séculos XV e XIX, fixaram-se em África apenas movidos por
interesses comerciais. A sua preocupação era fazer comércio com as comunidades
locais, obtendo, em troca, matérias-primas diversas e escravos.

Exceptuando alguns pontos junto a costa, onde já havia
alguma influência europeia, o mapa político da África não sofreu grandes
alterações em resultado do contacto com os europeus entre os séculos XV e XIX.

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África e Moçambique na época das Revoluções Burguesas na Europa - Fig.%2030%20%E2%80%93%20Mapa%20pol%C3%ADtico%20de%20%C3%81frica%20no%20in%C3%ADcio%20do%20s%C3%A9culo%20XIX
Fig. 30 – Mapa político de África no início do século XIX

Eram os chefes africanos que estavam å frente dos seus
reinos, estados e impérios e controlavam a actividade produtiva e o comércio
com os mercadores estrangeiros.

A nível económico, sociocultural e ideológico foram
igualmente escassas as alterações à ordem tradicional africana durante este
período. Além de pouco profundas, as alterações verificadas estiveram limitadas
às regiões da costa.

Um dos aspectos mais marcantes desta época foi a entrada
do nosso continente na economia mundial, sobretudo, através do envolvimento dos
africanos na actividade mercantil com os europeus.

O comércio, que se tinha iniciado nos séculos XV, XVII e
XVIII tinham alcançado enormes proporções. Além das matérias-primas passou a envolver
também os escravos.

Portanto, enquanto a Europa dava passos largos rumo
industrialização e à implantação do Liberalismo e do Parlamentarismo os estados
africanos dedicavam-se a uma economia de subsistência e estavam sujeitos a uma
verdadeira pilhagem, tanto através do comércio desigual como através do tráfico
de escravos, que retirou de África o seu principal recurso — o Homem.

A partir do final do século XVIII até ao início do século
XIX, a atitude dos europeus em relação a África modificou-se. Os europeus, que
até finais do século XVIII não mostravam interesse em penetrar para o interior
da Africa, começaram nesta altura a manifestar interesse pelo interior do
continente africano.

No que se refere a Moçambique, o período em estudo é
dominado pelo comércio entre portugueses e os estados de Moçambique entre os
quais se destacam os Muenemutapa, Marave, Estados Militares do Vale do Zambeze,
Yao e reinos afro-islâmicos da costa.

Cicio do ouro: 1505-1693

A fixação dos portugueses em Moçambique iniciou-se com a
chegada dos portugueses a Sofala em 1505 e a Ilha de Moçambique em 1507. Desde
esse período, entraram em luta com os árabes pelo controle do comércio, mas até
finais do século XVI os árabes detêm a supremacia no comércio com os
Muenemutapa.

Em 1607, o controlo do comércio começava a ser assegurado
pelos portugueses e, em 1629 a dependência dos Muenemutapa consolida-se com a
assinatura por Mavura de um tratado com os portugueses pelo qual fazia largas concessões
militares, políticas e económicas.

Em 1693, Changamire Dombo protagonizou um levantamento
armado que levou å derrota dos portugueses e sua expulsão do estado. Com estes
acontecimentos, terminava a fase do ouro e iniciava a do marfim. Paralelamente,
caiu a dinastia dos Muenemutapa dando lugar dos Changamire.

Ciclo do marfim (1693-1750)

A revolta de 1693 fez diminuir a produção do ouro,
passando o marfim a constituir a mercadoria de maior procura pelos mercadores.
Durante o chamado ciclo do marfim, assistiu-se å penetração do capital
mercantil indiano numa altura em que Moçambique estava ligado a Goa.

Em 1686 foi fundada a Companhia dos Mazanes que até 1752
(ano em que Moçambique passou a ter ligação directa com Portugal) controlou
todo o comércio a grosso e a retalho. Este momento seria, pois, marcado por
conflitos entre os mercadores indianos e portugueses.

Ciclo dos escravos (1750-1900)

A partir de meados do século XVIII a procura de escravos
ultrapassou a do ouro e a do marfim. O tráfico de escravos teve três etapas, a
saber:

  • Antes de 1750: comércio menos intenso com os escravos, sendo
    enviados para as ilhas francesas no índico.
  • 1750-1842: período alto do tráfico de escravos Milhares de
    escravos saem anualmente para as plantações e para minas da América.
  • 1842:
    abolição oficial da escravatura e do tráfico clandestino em Moçambique. Os
    escravos saiam principalmente pelos reinos afro-islâmicos da costa, tendo como
    destino as ilhas francesas no fndico.

Impacto

O envolvimento dos africanos no comércio com os europeus
levou erosão da economia natural das comunidades africanas, para além de terem
originado lutas entre clãs pelo controlo do comércio com os portugueses.
Conduziu também ao surgimento de novas unidades políticas designadas «Prazos».

No caso específico do tráfico de escravos, contribuiu
para o despovoamento e para a militarização dos estados moçambicanos.

Bibliografia

SUMBANE, Salvador
Agostinho. H9 – História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo:
2017.

FONTE: Escola Virtual Moçambicana> Disponível em escolamz.com. Publicado aos: 2023-10-08 05:40:00

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