Contradições inter-imperialistas Nos finais do século XIX, as relações entre os estados europeus foram marcadas por contradições e divisões, motivadas por: Contrastes económicos: enquanto alguns países como Inglaterra, Alemanha e Franca registavam um considerável desenvolvimento industrial e financeiro, países como Itália, Áustria-Hungria e Rússia mantinham uma economia rural. Antagonismos políticos: enquanto na Europa Ocidental (Inglaterra, França e Itália) existiam regimes parlamentares, na Europa Oriental e do Norte, em territórios como Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia vigoravam regimes totalitários. Neste grupo de países as minorias nacionais, em especial os checos, eslavos e polacos, lutavam pela independência. Problemas ideológicos: muitos países europeus enfrentavam movimentos socialistas que se opunham ordem económica, social e política em vigor. Os contrastes entre as potências europeias conduziram a rivalidades comerciais e coloniais. Por um lado, estava em jogo a posse de áreas de influência em África e Ásia; por outro lado, a Alemanha disputava os mercados com a Inglaterra e a França. A concorrência entre os estados europeus conduziu ao agravamento das contradições entre os mesmos, o que se reflectiu no surgimento de diversos focos de conflito: Conflito marroquino entre Inglaterra e França. A disputa dos Balcãs entre a Áustria-Hungria e a Rússia. A ameaça de guerra levou a que as potências europeias aumentassem as suas forças terrestres e navais além de iniciar a corrida aos armamentos. Paralelamente, iniciou-se o reforço do sistema de alianças, dividindo a Europa em dois blocos: Tríplice Aliança: constituída em 1882 pela Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália. Foi renovada em 1912. Tríplice Entente: inicialmente formada em 1892 pela Rússia e França e completada pela entrada da Inglaterra em 1907. Portanto, nos finais do século XIX a Europa Vivia num ambiente de confrontação, dominado pela corrida aos armamentos e pela política de blocos, que culminou em guerras entre algumas das principais potências. Entre as primeiras guerras inter-imperialistas podemos destacar a guerra hispano-americana e a guerra russo-japonesa. Tríplice Aliança – acordo militar, estabelecido entre a Alemanha, o Imperio Austro-Húngaro e a Itália, formalmente declarado em 20 de Maio de 1882; neste acordo, cada nação garantia apoio as demais no caso de algum ataque de duas ou mais potencias sobre uma das partes. Tríplice Entente – bloco militar formado pela Franca e Inglaterra, com seus aliados na Primeira Guerra Mundial. Esse bloco era rival da Tríplice Aliança. Com a eclosão da Guerra Mundial em 1914, a Entente Cordial teve a adesão de países como a Itália, a Rússia e os Estados Unidos da América. Guerra hispano-americana Esta foi uma das primeiras guerras entre as potências imperialistas. Decorreu entre 21 de Abril e 12 de Agosto de 1898 opondo a Espanha aos Estados Unidos da América, tendo como causa a disputa de Cuba pelos dois países. No final do século XIX, os EUA começaram a demonstrar interesses pelo Golfo do México, devido å sua proximidade com o canal do Panamá (faixa de terra que liga a América do Norte América do Sul). O interesse americano por Cuba era ainda maior, pois a ilha era grande produtora de açúcar, o que garantia um bom investimento para o capital norte-americano. Colónia espanhola desde o século XV, Cuba levantou-se contra o domínio colonial espanhol em 1868. A partir de 1895, os EUA passaram a apoiar abertamente os movimentos de independência de Cuba (e de outras regiões) em relação Espanha. Este apoio acabou por gerar um conflito que ficou conhecido como Guerra Hispano-Americana. Em 1898, já com as tropas espanholas cansadas da guerra, os Estados Unidos da América, alegando pretender ajudar o povo cubano e proteger os cidadãos americanos em Cuba, decidiram intervir no conflito. A interrupção americana entre as tropas espanholas e as nacionalistas cubanas era, na altura, justificável pela doutrina Monsor que pode ser resumida na expressão «América para os americanos». Em Janeiro de 1898, enviaram o barco de guerra USS Maine para Havana, porém este iria explodir més depois de atracar, morrendo cerca de 260 soldados americanos a bordo. Atribuindo a responsabilidade da explosão à Espanha, os Estados Unidos exigiram que a Espanha cedesse independência a Cuba. A recusa dos espanhóis causou a declaração de guerra Espanha que já estava praticamente vencida pelos cubanos. Depois de cerca de quatro meses de guerra, a Espanha, rendeu-se aos americanos e, pelo Tratado de Paris, cedeu Cuba, Porto Rico, Guam e as Filipinas aos Estados Unidos. Resultados do conflito As Filipinas e Porto Rico foram anexados pelos Estados Unidos da América. As Filipinas teriam a sua independência em 1945, enquanto Porto Rico e Guantánamo ainda hoje permanecem em territórios americanos. Cuba, embora fosse declarada pais independente em 1899, tornou-se protetorado dos EUA e foi obrigada a incluir na sua Constituição a Emenda Platt, que dava direito de intervenção no pais por parte dos EUA e também permitia aos Yankes (nome dado aos norte-americanos) a instalação de uma base naval em Guantánamo. Essa guerra marcou o início do reconhecimento dos Estados Unidos como grande força militar. Guerra russo-japonesa No âmbito das rivalidades entre as potências imperialistas, o Japão e a Rússia entraram também em confronto, entre 1904 e 1905, tendo como razão o controlo da Manchúria e da Coreia. A guerra ocorreu no nordeste da Manchúria e terminou com a vitória do Japão, que passou a impor a sua influência nas regiões em disputa. O desfecho da guerra foi em parte resultante da situação política na Rússia. Em 1905, a Rússia czarista, era abalada por revoltas, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no Couraçado Potemkin) e soldados do exército. Paralelamente, ocorriam greves e protestos contra o regime absolutista do czar em diversas regiões da Rússia. Os líderes socialistas procuraram organizar os trabalhadores em conselhos operários (os sovietes), nos quais se debatiam as decisões políticas a serem tomadas. Esta guerra marcou, por seu lado, o reconhecimento do Japão como potência imperialista, pelas diversas nações da Europa. PUBLICIDADE Fig. 10 – Localização da Manchúria e da Correia Bibliografia SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 – História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017. FONTE: Escola Virtual Moçambicana> Disponível em escolamz.com. Publicado aos: 2023-10-08