A Filosofia Cultural (Negritude) está enraizada no espírito pan-africanista de união e solidariedade entre os africanos, diferenciando-se por seu caráter cultural e literário
A Filosofia Cultural (Negritude) está enraizada no espírito pan-africanista de união e solidariedade entre os africanos, diferenciando-se por seu caráter cultural e literário
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ToggleA Filosofia Cultural (Negritude) está enraizada no espírito pan-africanista de união e solidariedade entre os africanos, diferenciando-se por seu caráter cultural e literário. Assim como o pan-africanismo, a Negritude nasceu fora do continente africano, como resultado dos esforços emancipatórios da comunidade negra radicada em França.
Os mentores deste projeto eram membros de diversas profissões liberais, estudantes, eclesiásticos, intelectuais e políticos. A Negritude visava a união de todos os negros. Cesaire, seguido por Senghor, mais tarde, através da revista Présence Africaine e dos congressos de escritores e artistas negros organizados por aquela revista em 1956 e 1959, expressaram a ideia da unidade africana sob a forma cultural.
Por outro lado, o funcionalismo, ao sugerir a indivisibilidade das culturas por um denominador comum, abriu caminho para o princípio do relativismo cultural evocado pela etnologia americana. Essa corrente relativista enfatizava a diversidade cultural e social, considerando que a unidade da humanidade se manifestava em sua capacidade de se diferenciar em múltiplas culturas
O posicionamento relativista buscava principalmente combater o imperialismo americano e defender as minorias colonizadas, incluindo os grupos africanos. Estabelecendo normas de respeito pela diferença, tolerância, crença na pluralidade de valores e aceitação da diversidade, essa corrente abriu as portas para o reconhecimento da cultura africana, sendo a Negritude uma resposta imediata ao espaço aberto pelo relativismo cultural.
No entanto, é importante destacar que Aimé Césaire foi fundamental como grande impulsionador da Negritude. De fato, a ele é atribuída a paternidade do termo “negritude”, que já se distingue no projeto anglofono do pan-africanismo. Os principais impulsionadores da Negritude – Césaire (antilhano), Senghor (senegalês) e Damas (guianense) – sintetizaram o projeto e seus conceitos:
A Negritude era principalmente um movimento cultural e literário, mas com pretensões também políticas, protestando contra a atitude colonialista e lutando pela emancipação do povo. Um exemplo disso é o poema de Noémia de Sousa “A minha gente sofrida”, que reflete a nostalgia presente nos escritos de Senghor ao lembrar seu passado recente:
“É para amanhã que construiremos nossos templos, teremos alicerces sólidos como sabemos edificar, e permaneceremos eretos no topo da montanha, livres em nós mesmos.”
No âmbito lusófono, o movimento foi difundido por diversos órgãos, como a Junta de Defesa dos Direitos de África, a Liga Nacionalista Africana e a Associação dos Estudantes Africanos, formadas por africanos e europeus favoráveis à promoção da cultura africana. Foi nesse contexto que, em 1920, surgiu em Lisboa a Liga Africana com os seguintes objetivos:
Os dilemas da Negritude envolvem questões complexas e desafios enfrentados pelos adeptos e defensores desse movimento cultural e político. Alguns dos principais dilemas incluem:
Em suma, os dilemas da Negritude refletem as complexidades inerentes à luta pela valorização da identidade negra, pela superação do legado colonial e pela construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Esses dilemas exigem reflexão, diálogo e ação coletiva para serem enfrentados de maneira eficaz.
Leopold Sedar Senghor foi uma figura proeminente no movimento da Negritude, desempenhando um papel fundamental na sua promoção e desenvolvimento. Senghor, nascido no Senegal, foi um poeta, político e intelectual que se destacou por sua defesa da cultura africana e da identidade negra. Ele foi um dos principais mentores e teóricos da Negritude, juntamente com Aimé Césaire e Léon-Gontran Damas.
Senghor defendia a ideia de que a cultura africana, com suas tradições, línguas e valores, era uma fonte de riqueza e orgulho para os povos africanos. Ele acreditava na importância de valorizar e celebrar a herança cultural africana, rejeitando a ideia de inferioridade cultural imposta pelo colonialismo.
Além de suas contribuições literárias, Senghor também teve uma carreira política significativa. Ele foi o primeiro presidente do Senegal após a independência em 1960 e desempenhou um papel importante na promoção da unidade e solidariedade entre os países africanos.
Através de seus escritos, discursos e ações políticas, Leopold Sedar Senghor foi um defensor incansável da Negritude como um movimento de valorização da identidade negra, resistência ao colonialismo e promoção da diversidade cultural africana.
Sua influência foi fundamental para a disseminação e consolidação dos princípios e ideais da Negritude não apenas na África, mas também em outras partes do mundo onde a diáspora africana estava presente.
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