A Pessoa como um ser de relações

A pessoa é um ser de relações, como foi mencionado anteriormente. Ela é o ser humano em suas relações com o mundo e consigo mesma.

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A Pessoa como um ser de relações

A pessoa é um ser de relações, como foi mencionado anteriormente. Ela é o ser humano em suas relações com o mundo e consigo mesma. Do ponto de vista ético e moral, o conceito de pessoa é o elemento central de toda reflexão ética e moral.

Por pessoa, entende-se o ser humano como resultado das relações e dos valores vividos por ele e da experiência de sua interioridade. As relações que ela estabelece são diversas: com os outros (indivíduos, família, amigos, colegas, desconhecidos, etc.), com o mundo ao seu redor (sociedade, cultura, Estado, sistema legal, instituições religiosas, instituições sociais e laborais, entre outras) e também com a natureza circundante.

A relação consigo mesmo

Quando discutimos a relação da pessoa consigo mesma, estamos considerando a questão moral do ser humano, na maneira como o indivíduo se vê como pessoa. Nesse contexto, a forma como julga suas ações e propósito de vida.

Em resumo, ao olhar para dentro e se analisar, o ser humano se descobre como pessoa, pois só existe enquanto ser social que estabelece relações com os outros e com o mundo natural e humano ao seu redor.

Na sua relação consigo mesmo, a consciência é a base do indivíduo moral. Como uma voz interior, é a consciência que tem a função de orientar, ordenar, avaliar e criticar todas as ações humanas, ou seja, fazer com que as ações de cada ser humano sejam ações morais e que suas decisões tenham sempre uma base ética.

A consciência moral, sempre ligada à razão, é a capacidade que permite ao ser humano agir de acordo com a razão e a consciência, representando, em suma, agir eticamente, ou seja, agir em liberdade e escolher princípios que sejam universais, ou seja, princípios que sejam bons para todos os seres humanos e que regulem a vida social com o bem comum como objetivo.

Esses princípios podem incluir optar pelo bem-estar de todos em vez do bem-estar individual, praticar o altruísmo em vez do egoísmo, promover a paz em vez da guerra, ser compreensivo e ajudar os outros em vez de ser hostil, ser solidário em vez de competitivo, entre outros.

Pela sua capacidade racional e ética, a pessoa em sua relação consigo mesma é chamada a cultivar bons e nobres sentimentos (amor, amizade, solidariedade, justiça, altruísmo), a respeitar-se e respeitar os outros, reconhecendo a dignidade de cada indivíduo, e a desenvolver virtudes como a bondade, a generosidade, a honestidade, evitando o ciúme e o ressentimento.

A relação com o Outro

A relação com o outro pode ser compreendida em dois aspectos opostos. Por um lado, o outro pode ser visto como um “tu-como-eu”, pois ele não é eu, mas se desenvolve em função do eu, e o eu reconhece a plena complementaridade ao encontrar outro eu: eu sou eu na minha relação com o outro.

É na pessoa do outro que reconheço e me projeto com outra pessoa. Assim, o que diz respeito a mim deve ser reconhecido na pessoa do outro, no que se refere à dignidade e ao valor absoluto de ser pessoa. O outro, como um “tu-como-eu”, deve ser objeto de união e a minha razão de ser pessoa.

Ele é um valor absoluto. Portanto, na nossa relação, o outro merece e deve ser aceito tal como ele é (como pessoa), colaborando com ele para o seu contínuo aperfeiçoamento humano, como um sujeito diferente e com singularidade própria, uma profundidade interior que se revela ao seu modo e infinitamente aberta.

Por outro lado, o outro pode ser visto sob contrato. Neste caso, a relação com o outro é estabelecida por meio de um contrato que define um conjunto de regras que vinculam uns aos outros, estabelecendo acordos de vontades.

Esses acordos são fundamentados em leis escritas ou em práticas costumeiras e neles está presente a boa fé, ou seja, a intenção primária de não enganar o outro no acordo e não se deixar enganar.

Esses contratos são a base da nossa convivência social e são estabelecidos em todas as sociedades onde existem o Estado, a Política e o Direito. A justiça social é o resultado da existência desses contratos.

No contrato, os indivíduos se comprometem reciprocamente como sujeitos com interesses convergentes, paralelos ou até divergentes, e com responsabilidade pelo bem próprio, do outro e pelo mútuo benefício.

A relação com o Trabalho

A relação com o trabalho pode ser definida como toda atividade, seja ela material ou espiritual, com o objetivo de alcançar um resultado útil. Trata-se de uma ação que visa a transformação do mundo, por meio do uso do corpo e de instrumentos.

O trabalho humano é resultado da interação entre as condições internas do próprio sujeito (como temperamento, caráter, intelecto e comportamento) e as condições externas físicas, técnicas, ambientais e sociais em relação ao sujeito que trabalha.

Para que uma atividade seja considerada trabalho, é necessário que seja uma ação transitória, que possibilite alcançar um resultado concreto, diferente de uma ação puramente reflexiva; que demande esforço, aplicação e perseverança.

Dessa forma, na relação com o trabalho, o ser humano é convocado não apenas a moldar o mundo para si, mas, principalmente, a humanizá-lo.

Nesse contexto, o trabalho é visto como uma forma de rejeitar viver em um mundo naturalmente organizado e transformá-lo, submetendo-o ao controle humano e humanizando-o.

Através do trabalho, o ser humano se dignifica, pois atribui a si mesmo um valor pessoal e antropológico, onde a natureza humana não nasce perfeita, mas se aperfeiçoa, se tempera, se aprimora e se enriquece por meio do trabalho.

A relação com a Natureza

A relação do ser humano com a Natureza é fundamental, pois ele é tanto criatura quanto criador de seu ambiente, o qual garante sua subsistência física e possibilita seu desenvolvimento intelectual, moral, social e espiritual.

Ao longo da evolução da humanidade, especialmente com o avanço rápido da Ciência e da tecnologia, o ser humano adquiriu o poder de transformar seu ambiente de diversas maneiras e em uma escala sem precedentes. Os elementos naturais e os criados por ele são essenciais para seu bem-estar e para a plena fruição de seus direitos fundamentais.

Desde que o ser humano adotou um estilo de vida baseado na técnica e na ciência, sua relação com a Natureza e, consequentemente, com o ambiente, tornou-se cada vez mais hostil.

Filósofos como Francis Bacon, Galileu, Descartes e Newton viam a ciência e a técnica como condições para melhorar as condições de vida e eliminar a miséria humana. Eles preconizavam uma abordagem tecnicista na relação do Homem com a Natureza, onde o conhecimento era visto como meio de iluminar, transformar e manipular a Natureza.

Nos séculos XVII, XVIII e XIX, especialmente com a Revolução Industrial, houve uma vontade de dominar e transformar o mundo, com o lema “O Homem transforma a Natureza.” Essa transformação resultou no aumento do crescimento econômico, na produção e no consumo crescentes, no crescimento populacional e nas áreas urbanizadas.

Embora isso fosse visto como progresso técnico e científico, também trouxe malefícios, como a degradação do meio ambiente, poluição industrial, escassez de recursos naturais, desmatamento e extinção de espécies animais.

Diante da gravidade da situação, filósofos como Severino Elias Ngoenha consideram o problema ambiental como global, defendendo a necessidade de estabelecer um contrato moral e político com a Natureza. Esse contrato envolve a exploração cuidadosa dos recursos naturais para manter o equilíbrio e pensar no futuro das gerações, promovendo o desenvolvimento sustentável.

O Homem é um ser de relações, tanto com outros seres humanos quanto com a Natureza, e é essencial considerar os princípios éticos ao interagir com ambos.

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