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Por que Angola e Moçambique não se tornaram um único país?

Um mapa criado em 1885, colaça 5 países agrupados como um único: Angola, Zâmbia, Zimbábue, Malawi e Moçambique

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O Plano Português para Unir Territórios Africanos

Um mapa criado em 1885, colaça 5 países agrupados como um único: Angola, Zâmbia, Zimbábue, Malawi e Moçambique. O objetivo da criação deste mapa era unir territórios como Angola e Moçambique devido aos seus vastos recursos e à necessidade de Portugal por matérias-primas e novos mercados, exigidos pela Revolução Industrial. – Angola e Moçambique não se tornaram um único país

Este foi um projeto e estratégia de Portugal, uma forma de ter um território maior na África. Eles queriam agrupar todas essas nações, mesmo sabendo que elas tinham culturas e hábitos diferentes. Mas os portugueses estavam determinados a expandir seus territórios e sua influência no continente africano.

Este plano apostava na ocupação efetiva, nos recursos, na afirmação do domínio português, na definição de fronteiras no interior do continente e na exploração de vários recursos nessas áreas. Mas os portugueses falharam, não conseguiram unir todos esses territórios. A questão é: por que o maior plano de Portugal na África falhou?

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O Declínio do Império Português

Para entender por que Portugal queria expandir seu território, devemos olhar para o mapa do Brasil. A história do Brasil começou com a chegada dos primeiros humanos na América do Sul. Em 22 de abril de 1500, o capitão Pedro Álvares Cabral, de uma expedição portuguesa a caminho das Índias, chegou a essa região em Porto Seguro, na Bahia, tornando a região uma colônia do Reino de Portugal.

Tudo corria bem para o império português até 1807, quando Portugal entrou em guerra com a França napoleônica. Portugal se recusou a aplicar o Bloqueio Continental à Europa, parte do plano de Napoleão para impor o bloqueio a todo o continente e acabar com o poder econômico e militar do Reino Unido.

A guerra durou 3 anos e forçou a família real portuguesa a fugir de Lisboa para o Rio de Janeiro, sua colônia no Brasil. Houve um grande investimento econômico no Brasil, pois a monarquia havia se estabelecido lá. Após a derrota de Napoleão e a libertação de Portugal, a família real permaneceu no Brasil e estabeleceu o Rio de Janeiro como a nova capital de todo o império português, um momento único na história em que um poder europeu foi governado diretamente de uma de suas próprias colônias.

Mas isso não durou muito. Em 1821, uma revolução liberal levou o rei a finalmente deixar o Brasil e voltar para Lisboa. Seu filho, que havia ficado no Brasil, D. Pedro, aproveitou a oportunidade e declarou a independência do Brasil. Essa ação, conhecida como o Grito do Ipiranga, deu início à independência do Brasil, concluída em 1825.

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A Busca por um Novo “Brasil” em África

Com a independência do Brasil, Portugal perdeu aproximadamente 50% de sua receita financeira. Mas os problemas estavam apenas começando para os portugueses. Entre 1828-1834, Portugal passou por uma Guerra Civil, e de 1842 a 1846, houve o golpe de estado do Cabralismo e a ditadura.

Todos esses eventos enfraqueceram politicamente e financeiramente o império português. Mas isso não foi o suficiente para deixá-los sozinhos em suas colônias africanas, pois essas eram a luz no fim do túnel para o império. Então, Portugal decidiu passar o resto do século 19 reorientando seu império para longe das Américas e voltando-se para o continente onde o império se expandiu pela primeira vez: a África.

Na segunda metade do século 19, a Europa experimentou um alto crescimento econômico e o desenvolvimento da indústria. Essa situação exigia não apenas a exploração de novos mercados para escoar essa produção, mas também novas fontes de matérias-primas para alimentar a indústria. Daí o crescente interesse das grandes potências europeias no continente africano e a busca de um novo “Brasil” para Portugal.

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O Plano do “Mapa Cor-de-Rosa”

Portugal já tinha uma vantagem sobre as outras potências, pois as colônias de Angola e Moçambique já estavam praticamente em posse do império desde o século 15. Angola serviu durante a maior parte de sua colonização como uma importante fonte de escravos, mesmo após a abolição da escravatura. E Moçambique era atrativa comercialmente, principalmente pela extração de ouro em grandes quantidades.

Alertado pela corrida por territórios na África, surgiu na mente de um geógrafo e político chamado Luciano Cordeiro a ideia de expandir o território. Ele então decidiu se reunir com Pinheiro Chagas e Barros Gomes, que era o Ministro dos Negócios Estrangeiros, para discutir a ideia de formar um vasto território na África Austral, ligando os territórios entre Angola e Moçambique, incluindo a Zâmbia, o Zimbábue e o Malawi, como uma forma de ter um novo território para alimentar a economia portuguesa após a perda do Brasil. Com essa linha de pensamento, a corte portuguesa já tinha seu novo Brasil, com o nome de “Mapa Cor-de-Rosa” ou “Mapa Verde”, como alguns relatam.

Para esse fim, os portugueses começaram a organizar planos para promover a exploração do interior da África. Em 1877, foi lançado um conjunto de iniciativas de exploração com o objetivo de conhecer a área que separava as colônias de Angola e Moçambique, o que levou às famosas expedições de Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto, integradas em uma nova estratégia portuguesa de ter um território maior.

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A Conferência de Berlim e o Fim do Sonho Português

De 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885, ocorreu a Conferência de Berlim, marcando a colaboração europeia na partilha e divisão territorial da África. Durante a conferência, Barros Gomes, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, apresentou um projeto que consistia em conectar Angola a Moçambique, criando uma comunicação entre as duas colônias, a fim de facilitar o comércio e o transporte de mercadorias. E lá estava Portugal, com um plano para reconstruir sua economia, com uma extensa região no continente africano.

Todos os poderes concordaram com o projeto do Mapa Cor-de-Rosa, exceto um: a Inglaterra. Lord Salisbury, que era Ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, disse em citações que não aceitava nenhuma reivindicação territorial portuguesa e protestou contra o Mapa Cor-de-Rosa, mas não fez reclamações contra nenhum dos territórios que ele abrangia.

Portugal tentou reforçar sua reivindicação enviando duas expedições a essa área, mas não teve sucesso por uma razão principal: as reivindicações portuguesas eram um obstáculo à política de expansão de Cecil Rhodes, um imperialista e genocida britânico que sonhava em expandir uma ferrovia que se estendia de Cape Town, na África do Sul, até o Cairo, no Egito. Na verdade, Portugal não conseguiu seu Mapa Cor-de-Rosa porque seu design diferia do design britânico.

Portanto, Portugal foi o grande perdedor, pois, além de testemunhar a recusa do direito histórico como critério para a ocupação do território, também foi forçado a aceitar o princípio da livre navegação dos rios internacionais (aplicável ao Congo, Zambeze e Rovuma, em território tradicionalmente português) e perdeu o controle da foz do Congo, restando apenas o pequeno enclave de Cabinda.

Após o choque da Conferência de Berlim, Portugal tentou de todas as maneiras obter seu precioso Mapa Cor-de-Rosa. O resultado foi o ultimato britânico de 11 de janeiro de 1890, exigindo que Portugal se retirasse de toda a zona disputada, sob pena de as relações diplomáticas serem rompidas. Isolado, Portugal protestou, mas seguiu a inevitável rendição e recuo, e esse foi o fim do sonho do “Mapa Cor-de-Rosa”, com um legado de humilhação nacional e frustração por muitas décadas.

Isso mostra como o plano de Portugal de unir esses territórios e povos distintos foi um produto de superexploração que serviu como base e fonte de recursos para desenvolver Portugal, e é assim que os países imperialistas dominam, ou dominavam, por meio do colonialismo ou do neocolonialismo.

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