Filosofia Política Africana (Corrente Política)

A Filosofia Política Africana (Corrente Política): estuda questões relacionadas ao poder, autoridade, justiça e governança dentro de contextos africanos.

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A Filosofia Política Africana (Corrente Política): estuda questões relacionadas ao poder, autoridade, justiça e governança dentro de contextos africanos. Isso inclui discussões sobre regimes políticos, democracia, direitos humanos e desenvolvimento político na África.

Filosofia Política Africana (Corrente Política)

Além das tradições das Filosofias ocidentais que mencionamos na contextualização histórica (no ponto 3.1), os trabalhos forçados e a escravatura contribuíram significativamente para a redução do homem negro ao estatuto de mercadoria, suscetível de ser vendida e comprada, tornando-se um simples instrumento de trabalho e fonte de rendimento das economias ocidentais.

Portanto, é evidente que a prioridade do negro é a sua emancipação. Nas colônias da América do Norte, iniciou-se um movimento de revolta liderado por escravos através das chamadas “chamadas do Norte” e posteriormente das “almas espirituais”, nas igrejas.

A característica fundamental do africano é ser um guerreiro pela liberdade. As primeiras formas de luta do homem negro pela liberdade foram teorizadas por duas visões: uma acreditava que o negro só se emanciparia plenamente voltando para sua terra natal (África); a outra corrente defendia que o homem negro poderia viver livre e em pé de igualdade com os brancos sem precisar sair da América.

Percursores da Filosofia Política Africana (Corrente Política)

A primeira corrente foi defendida pelo jamaicano Marcus Garvey, discípulo de Booker Washington, e a segunda por William Edward Burghardt Du Bois.

Encontramos duas perspectivas, duas ideologias de libertação, cujas diferenças não são apenas ideológicas, mas também raciais. Du Bois era um jovem culto, tendo cursado a universidade e sido o primeiro negro a fazer um curso superior.

Marcus Garvey, conhecido como um extremo líder ofensor, não estudou muito, mas testemunhou muitos negros trabalhando em condições desumanas. É importante salientar que Garvey começou a trabalhar aos 15 anos e foi demitido de seu serviço por incitar seus colegas a protestar contra as condições injustas em que trabalhavam.

Garvey acreditava que os libertadores da raça negra deveriam ser negros autênticos e que o negro só se realizaria plenamente em sua terra natal, sendo mestiço, portanto Garvey não o considerava negro. Na opinião de Garvey, Du Bois não passava de um prolongamento da mão do branco, pois não concordava com o retorno dos negros à África. Garvey construiu um navio para levar os negros que desejassem voltar à sua terra de origem.

Por outro lado, Du Bois, ao contrário de seu antecessor Booker Washington, que acreditava que a emancipação do negro passava por uma formação técnica e por se acomodar à posição subalterna do negro nos EUA, afirmou que o problema fundamental dos negros não era de ordem econômica, mas sim política.

Du Bois postulou a existência de elites intelectuais que serviriam de pontos de referência para os outros. A maior dificuldade que Du Bois enfrentou foi elevar o moral do negro, especialmente em relação ao seu passado glorioso, como o império de Gana, o império de Mwenemutapa, Benin, Mali, Songhai, entre outros, que contribuíram significativamente para a humanidade.

Paralelamente a Du Bois, e ainda sobre a mesma problemática, em “Os Africanos e a Cultura”, de Cheikh Anta Diop, lê-se: “Supomos, com a egiptologia moderna, que os egípcios eram de raça branca. Assim, teriam como contemporâneos gregos e romanos. Estes tiveram um espírito científico e filosófico idêntico ao da gente moderna do Ocidente.

No entanto, tudo indica que os egípcios eram de raça negra, como os etíopes e outros africanos, e que o Egito civilizou o mundo […]. Dados dos antigos escritores e historiadores que demonstram que os egípcios eram de raça negra.

Outra evidência da influência africana sobre o continente europeu é quando o pintor espanhol Pablo Picasso entrou num museu que exibia objetos da cultura africana e ficou profundamente impressionado com uma máscara. A estética europeia foi profundamente influenciada pela arte africana.”

O africano era visto como um povo que nunca fizera nada de significativo

O africano era visto como um povo que nunca fizera nada de significativo. Os ocidentais desconsideravam a célebre tese que coloca o negro africano num lugar privilegiado, considerando-o um dos “arquitetos” da civilização.

A ideia de que a inteligência e o conhecimento eram exclusividade de homens de raça branca era difundida. O desprezo pelo negro e a subsequente tentativa de rebaixá-lo ao nível mais inferior possível foram deliberados, apoiando-se na literatura, o que levou o Ocidente a distorcer tudo o que abonava a raça negra.

Nos estudos de Maurice Delafosse, foi revelado que a época medieval africana era, em muitos aspectos, comparável e, em alguns casos, superior à europeia.

Concluiu-se neste estudo dedicado à história da África Ocidental que a pretensa inferioridade intelectual do negro nunca foi comprovada e que havia evidências que a contradiziam. Isso demonstra que o Ocidente adotou atitudes etnocêntricas, especialmente em relação ao continente africano e seus habitantes, como evidenciado no julgamento do padre Bartolomeu de Las Casas, que defendeu a humanidade dos índios.

O cardeal Antônio aceitou que os índios eram humanos, mas alertou Las Casas que estender essa humanidade aos negros seria um exagero.

Este estudo revela que a suposta inferioridade do negro foi uma arma psicológica inventada pelos brancos para denegrir sua imagem, com o objetivo final de dominá-lo. Nesse contexto, os intelectuais africanos tinham como missão buscar caminhos para recuperar a humanidade perdida. Essa tarefa foi realizada por várias correntes de pensamento, como o pan-africanismo, a negritude e o Bantu, entre outras.

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