A filosofia africana é um campo diverso e rico que abrange uma ampla gama de tradições filosóficas, perspectivas e temas.
A filosofia africana é um campo diverso e rico que abrange uma ampla gama de tradições filosóficas, perspectivas e temas.
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ToggleA filosofia africana é um campo diverso e rico que abrange uma ampla gama de tradições filosóficas, perspetivas e temas. Contrariando muitas vezes a perceção popular de que a filosofia se originou apenas na Grécia antiga, as tradições filosóficas africanas têm uma longa história que remonta a milhares de anos.
É importante reconhecer a diversidade dentro da filosofia africana, pois há uma variedade de tradições filosóficas dentro do continente africano, incluindo a filosofia africana tradicional, a filosofia islâmica africana, a filosofia cristã africana, entre outras.
Além disso, há também o desenvolvimento da filosofia africana contemporânea, que busca incorporar perspetivas africanas em diálogo com outras tradições filosóficas globais.
O povo africano foi vítima da colonização europeia. Com as viagens apelidadas de “Descobrimento“, os europeus conheceram outros povos, que foram julgados em comparação com os usos e costumes da cultura ocidental. Por isso, houve uma série de filosofias concebidas por ocidentais que se esforçavam por denegrir a personalidade dos negros no mundo.
Os estudos, quer antropológicos, quer sociológicos, preocupavam-se em provar, em todos os sentidos, a superioridade dos povos do Ocidente em relação aos outros povos, sem que estes últimos, no entanto, tivessem respostas imediatas escritas para contrapor as teses dos ocidentais.
A Teologia, a Filosofia e o Direito desempenharam um papel fundamental neste processo. A Teologia definiu o povo negro como descendente de Cham, um homem que viu a nudez do pai. Portanto, o homem negro aparece como símbolo de maldição. Neste caso, o negro pertenceria à geração dos condenados de Deus.
Na filosofia, Voltaire afirma, na sua obra “História do Século XVIII”, que o povo mais elevado é o francês e o mais baixo é o africano; Jean Jacques Rousseau diz que os africanos são bons selvagens; para Hegel, os africanos são povos sem história e, por consequência, desprovidos de humanidade; Kant chega à conclusão de que os africanos são povos sem interesse; Lévy-Bruhl proclama que os africanos têm uma mentalidade pré-lógica; por sua vez, Montesquieu afirma que os africanos são povos sem leis; os antropólogos Morlan e Flor sustentam que a África é uma sociedade morta.
O monarca francês Luís XIV escreveu “O Código Negro”, uma espécie de leis dos senhores sobre os negros.
Não há dúvidas de que o Ocidente desenvolveu uma teoria de dominação que gerou um profundo complexo de inferioridade nos africanos. Em “Pan-Africanismo ou Comunismo“, George Padmore afirma que esse fato provocou uma crise no pensamento, na palavra e no agir do homem africano.
O ocidentalismo promovia, direta ou indiretamente, uma antropologia tendenciosa, cujas teorias e doutrinas exaltavam uma classe que se autoproclamava herdeira exclusiva da humanidade inteira. Por essa razão, arrogava-se o direito de destruir, subjugar ou “esmagar” os outros povos.
Esse tipo de antropologia poderia ser classificado como um verdadeiro “vandalismo” cultural, racista, agressivo e destruidor, como defende Lecrec em sua obra “Chaiad”. Posteriormente, as ciências sociais e humanas adotaram uma visão diferente em relação às culturas não-ocidentais, reconhecendo que toda cultura representa uma determinada civilização, independentemente de sua situação geográfica, histórica, social e econômica.
No entanto, não podemos esquecer que o período em que a população africana viveu todas essas discriminações foi tão longo e profundo que ainda hoje elas se encontram vivas em sua memória. Isso condiciona seu comportamento: esse fenômeno não apenas influenciou a mentalidade europeia, mas também deixou marcas na mentalidade do próprio povo negro, visto que sua autoestima foi profundamente afetada, principalmente devido ao colonialismo.
Neste contexto, é crucial a intervenção do filósofo africano para projetar o futuro do homem africano, baseando-se em sua própria história. Para isso, foi necessário reabilitar a imagem do homem negro do passado, estimulando sua autoestima e demonstrando que ele é igual ao homem branco.
Como poderia convencer o homem negro, que sempre foi subordinado ao branco, de que ele próprio é igual ao seu senhor? Esta é uma tarefa difícil e árdua que continua sendo realizada pelo filósofo africano, especialmente junto às comunidades das áreas rurais e mais remotas, que ainda mantêm essa mentalidade.
Foi para enfrentar essa preocupação que alguns pensadores africanos promoveram debates intensos sobre a existência ou não da Filosofia africana.
A discussão sobre a existência ou não da Filosofia africana é conduzida por alguns estudiosos africanos e não africanos que apresentaram estudos sobre as etnias africanas, denominando-os de “Filosofia africana“.
Este grupo inclui Anyanh’, Placide Tempels, Alexis Kagame, Mbiti, entre outros. A questão levantada pelos críticos é se é apropriado falar de Física ou Química africanas da mesma forma que se fala da Filosofia africana.
Obviamente, a resposta é não, pois eles negam a ideia da existência de uma Filosofia africana. Entre os críticos estão Hountondji, Franz Chaha, E. Boulaga, M. Towa, Aruka, Weredu, entre outros. O problema fundamental do debate é mais objeto de estudo do que a designação em si.
Até certo ponto, os críticos abrem a possibilidade da existência da Filosofia africana, apresentando em que molde essa Filosofia deve ser concebida para ser designada como Filosofia africana.
Nos parágrafos seguintes, examinaremos as correntes mais importantes da Filosofia africana, onde serão apresentadas, de forma geral, as razões que fundamentam essas correntes.
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