Durante a Idade Média, especialmente nos séculos XI e XII, o crescimento urbano na Europa foi impulsionado pela indústria artesanal, comércio e desenvolvimento dos transportes, tendo como centro as estruturas dos castelos feudais.
Após concluir esta lição, você será capaz de:
- Descrever as características das cidades medievais;
- Explorar a administração das cidades nesse período;
- Identificar as principais atividades econômicas desenvolvidas durante a Idade Média.
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Cidades na Idade Média
No século X, com a ascensão do sistema feudalismo, houve um ressurgimento das relações comerciais e o estabelecimento de novas cidades. Foi somente nos séculos XI e XII que a população europeia experimentou um novo impulso no povoamento urbano.
Após o declínio ou destruição das antigas cidades devido a conflitos e invasões, testemunhou-se um renascimento urbano durante a Idade Média. Esse renascimento foi impulsionado principalmente por três fatores: a expansão econômica, a concentração do poder político e a necessidade de defesa.
As cidades medievais europeias se desenvolveram a partir de um núcleo primitivo, muitas vezes um mosteiro, igreja ou castelo, que servia como o centro difusor do aglomerado urbano. Ao longo do tempo, a cidade se expandiu em anéis concêntricos, incorporando os bairros localizados fora das muralhas.
O intenso crescimento urbano no século XIII foi resultado de um período de prosperidade econômica, que por sua vez impulsionou o aumento demográfico e a expansão das cidades medievais.
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Organização das Cidades na Idade Média
As cidades europeias na Idade Média eram significativamente menores do que as cidades romanas, geralmente não ultrapassando 1 km² em área. A população dessas cidades também era relativamente pequena.
Durante as primeiras décadas da Idade Média, Veneza foi a maior cidade do continente, com cerca de 70 mil habitantes, número que cresceu para 100 mil em 1200. No entanto, Londres se tornaria a maior cidade europeia durante o Renascimento. Em outros continentes, cidades como Hangzhou e Shangzhou, na China, abrigavam entre 250 mil e 320 mil habitantes, respectivamente. Na América, a cidade de Tenochtitlán, capital do antigo Império Asteca, tinha uma população estimada entre 60 mil e 130 mil habitantes.
Na Europa Ocidental, a influência da Igreja Católica Romana na arquitetura e organização urbana era proeminente. As cidades frequentemente possuíam uma igreja como estrutura central, construída em estilo gótico, sendo a mais alta e imponente da cidade. Os edifícios governamentais e as residências da elite eram localizados próximos à igreja, enquanto a classe mais pobre residia próximo às muralhas.
As muralhas limitavam o espaço das cidades medievais, levando à construção de edifícios de três a seis andares para lidar com a escassez de espaço. Quando a população urbana crescia, a solução era expandir as muralhas através de demolição e reconstrução, ou até mesmo estabelecer novas cidades nas proximidades.
As grandes cidades da Europa Ocidental, como Veneza, Florença, Paris e Londres, atraíam pessoas de diversas origens étnicas, que se estabeleciam em bairros distintos. Muitos desses bairros funcionavam como cidades em miniatura, com seus próprios mercados, reservatórios de água, igrejas ou sinagogas. Embora isso tenha limitado conflitos entre diferentes grupos étnicos e religiosos, também restringiu a diversidade cultural. Alguns bairros, conhecidos como guetos, eram destinados a abrigar pessoas consideradas indesejáveis, como os judeus, por exemplo.
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Cidades no domínio árabe
Durante o domínio árabe, foram estabelecidas grandes cidades, aproveitando a expansão em territórios já urbanizados, como Damasco, Jerusalém e Alexandria. Entre os séculos VIII e IX, os árabes fundaram cidades de grande importância, como Bagdade, Samar-canda, Cairo, Fez e Marraquexe.
As cidades árabes se destacavam por sua homogeneidade, sendo muito semelhantes entre si. Por volta do ano 1100, na Espanha Muçulmana, existiam pelo menos oito cidades importantes, incluindo Córdova, Granada, Toledo, Almeria, Maiorca, Saragoça, Málaga e Valência.
Todas as cidades islâmicas eram cercadas por muralhas, com ruas estreitas, sinuosas e labirínticas, frequentemente levando a becos sem saída. No geral, apresentavam plantas extremamente complexas e irregulares.
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Administração
Na Europa Ocidental, o feudalismo se desenvolveu nos primeiros séculos da Idade Média, resultando na divisão dos reinos em várias seções chamadas feudos. Embora as cidades continuassem a fazer parte do território de um país, o controle dos reis sobre elas era limitado às áreas de sua propriedade, diminuindo consideravelmente seu poder.
Na prática, cada cidade era governada por seu proprietário, que poderia ser um senhor feudal ou um membro da igreja católica, como um bispo. No século XI, com o crescimento populacional e do comércio, a crescente burguesia urbana começou a contestar o controle dos senhores feudais sobre as cidades.
Em várias cidades, a burguesia lutou pelo direito de governar a cidade, resultando na adoção do sistema de eleição de cônsules como forma de governo municipal. Esse sistema proporcionou maior autonomia e independência às cidades, permitindo que os cidadãos criassem leis e nomeassem seus próprios funcionários.
Entre os séculos XIV e XV, os governos dos reinos da Europa Ocidental gradualmente se consolidaram e começaram a representar os interesses da nova classe emergente, a burguesia.
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Economia
Na Europa medieval, o sistema econômico era fundamentado na posse de terra, no qual os vassalos trabalhavam em troca de proteção.
Contudo, esse sistema começou a declinar no século X. Os vassalos, que antes estavam ligados aos senhores feudais, migraram para as cidades, onde se tornaram artesãos e pequenos comerciantes, vendendo diretamente seus produtos nos mercados urbanos.
Com o auxílio de avanços tecnológicos e a invenção de dispositivos como a pólvora e o barril, os artesãos conseguiram aumentar sua produção e comercializar mais mercadorias em menos tempo. Ao longo do tempo, esses artesãos gradualmente ascenderam para a classe média.
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Resumo:
As cidades na Idade Média geralmente se desenvolviam ao redor de grandes muralhas e eram caracterizadas pela arquitetura gótica, fortemente c da época. Durante esse período, tanto antigas cidades quanto novos assentamentos urbanos surgiram, geralmente de pequeno porte, com apenas 12 cidades tendo entre 50.000 e 150.000 habitantes.
Entre as mais populosas estavam Milão, Paris, Veneza, Florença, Gand e Bruges, que, devido ao crescimento das atividades comerciais e à obtenção de personalidade jurídica independente, ganharam destaque. Essas cidades antigas passaram por transformações morfológicas, como a abertura de grandes avenidas alinhadas com casas de fachadas regulares e um planejamento urbano mais geométrico.
Essas reformas resultaram na adoção de uma planificação concêntrica em cidades como Paris, Londres, Moscou e outras capitais europeias. No entanto, é nas cidades recém-planejadas que essa concepção de traçado de ruas e avenidas se destacou.
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Referencias:
UCM. (s.d.). Manual de Curso de licenciatura em Ensino de GEOGRAFIA – 4o ano – Geografia do Urbanismo. (G0154). Centro de Ensino à Distância.
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