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Variação Distrática: Diferenças entre Estratos Sociais

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A variação distrática ocorre quando se comparam diferentes estratos de uma população, mostrando como fatores sociais, educacionais e econômicos influenciam a língua. Essa variação evidencia que a língua não é uniforme: ela se adapta às condições socioculturais dos falantes.

No Brasil, diversos estudos apontam diferenças entre populações escolarizadas e não escolarizadas (analfabetas). Castilho (apud ILARI; BASSO, 2009, p. 176) exemplifica algumas dessas variações:


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1. Exemplos de variação gramatical

  1. Negação redundante com indefinidos negativos
    Exemplo: “Ninguém não sabia.”
  2. Perda da desinência –s da 1ª pessoa do plural
    Exemplo: “Nóis cantamo”, “Nóis cantemo.”
  3. Redução das formas verbais no presente do indicativo
    Exemplo:
    • Formas padrão: “eu falo”, “você fala”, “nós falamos”
    • Simplificação/redução observada: “falo” / “fala”
    Essa simplificação gramatical também é característica de crioulo de qualquer base linguística, mostrando uma tendência universal de reduzir a complexidade verbal em certos contextos.
  4. Uso dos pronomes do caso reto na posição de objeto
    Exemplo: “Eu vi ele”, “A mulher xingou eu.”

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2. Neologismos e unidades lexicais no Português de Moçambique

No Português de Moçambique (PM), surgem novos verbos e neologismos que só ocorrem no contexto local. Esses termos frequentemente apresentam mudanças semânticas e refletem a cultura, o cotidiano e as práticas sociais da população moçambicana.

Alguns exemplos incluem:

  • Bichar – fazer a fila
  • Esquinar – esperar alguém na esquina
  • Boatar – propagar mentiras
  • Depressar – andar / fazer rápido
  • Estilar – exibir-se
  • Afinar – apertar pessoas no chapa100 ou van
  • Bala-balar – correr, andar rápido
  • Anelar – pagar dote, lobolar
  • Panhar – contrair doenças sexuais
  • Cabular – copiar na prova
  • Barulhar – fazer barulho
  • Bater – roubar
  • Cabritar – fazer corrupção
  • Chimbar – bater fortemente
  • Coisar – fazer sexo
  • Desconseguir – não conseguir
  • Despegar – terminar uma jornada de trabalho
  • Engarafar – fazer feitiço para amar alguém
  • Fechar – combinar
  • Ferrar – dormir
  • Gamar – roubar
  • Marrar – estudar
  • Mortar – perder no jogo da bolinha
  • Nenecar – colocar o bebê no colo
  • Pedir – fazer cerimônia de apresentação da noiva
  • Placar – ir a uma vila próxima para se esconder da guerra
  • Botar – colocar, pôr
  • Mamar – comer
  • Gazetar – faltar à aula (“matar aula”)
  • Famar – exibir a fama
  • Lambe-botar – submeter-se ao superior para conseguir vantagens corruptas
  • Linchar – queimar um ladrão com pneu
  • Destrocar – dar troco em dinheiro

Esses exemplos mostram como a língua se adapta ao contexto social, criando formas expressivas e práticas para o cotidiano da população.


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3. Conclusão

A variação distrática evidencia a influência do estrato social, escolaridade e contexto cultural sobre a língua. Ela demonstra que a língua não é homogênea, mas sim dinâmica e adaptável, refletindo as práticas, necessidades e criatividade dos falantes.

No caso do PM, a criação de neologismos e a mudança de valor semântico de verbos ilustram como a língua evolui dentro de diferentes camadas sociais, enriquecendo o repertório linguístico e cultural local.

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