A Etnofilosofia

Etnofilosofia – corrente da filosofia africana

Tratava-se do movimento de africanos e africanistas pelo reconhecimento do negro como ser humano. Eles produziram obras em defesa do homem negro, sendo uma das formas de defesa por meio da etnofilosofia.

Os etnofilósofos são assim chamados por terem realizado estudos sobre as etnias africanas. Eles defendem que toda a Filosofia é uma Filosofia cultural, ou seja, ninguém faz Filosofia sem se basear em alguma cultura. Para Anyanh’, o papel do filósofo africano é compreender e explicar os princípios sobre os quais se baseiam cada uma das culturas africanas.

No entanto, suas pesquisas, que são apelidadas de Filosofia africana, foram alvo de severas críticas. As abordagens feitas por esses intelectuais descreviam, em sua maioria, práticas habituais dos africanos, sendo consideradas como Filosofia africana. Esses estudos, quando realizados por africanistas não africanos, denegriam o africano.

Por exemplo, o sacerdote belga Placide Tempels afirmava que o africano tinha uma lógica inferior. Uma simples catalogação de mitos, crenças e provérbios era considerada como Filosofia africana. Esses estudiosos abordavam temas relativos às etnias africanas.

Alexis Kagame, por exemplo, inspirado na filosofia aristotélica, escreveu uma obra intitulada “A Filosofia Bantu-Ruanda” onde desenvolvia uma reflexão, utilizando categorias aristotélicas através da análise gramatical rigorosa das estruturas linguísticas. A partir dessa obra, diversos estudantes africanos defenderam suas teses, cada um com sua filosofia própria e vernácula.

Tempels afirmava que existe uma filosofia do negro, porém diferente na forma e conteúdo da Filosofia europeia. Por essas e outras razões, os críticos se opuseram à existência de uma filosofia africana.

No entanto, não se pode ignorar Tempels, pois sua abordagem tinha como objetivo o reconhecimento do negro como ser humano pelos colonizadores, contribuindo significativamente para a redefinição do relacionamento entre o Ocidente e o povo negro.

Etnofilosofia – Estudo das perspetivas filosóficas em diferentes culturas

Etnofilosofia é um campo de estudo que investiga as perspectivas filosóficas presentes em diferentes culturas e grupos étnicos ao redor do mundo. Ela reconhece que as tradições filosóficas não são exclusividade de uma única cultura ou tradição, e busca compreender as diversas maneiras pelas quais as pessoas em diferentes contextos culturais pensam sobre questões fundamentais da existência, como a natureza da realidade, o significado da vida, a moralidade e o conhecimento.

Essa abordagem reconhece a diversidade de ideias e valores filosóficos que existem fora do âmbito da tradição filosófica ocidental predominante. Ela pode envolver a análise de sistemas de crenças, mitos, rituais e práticas culturais para entender as cosmovisões e os modos de pensamento de diferentes grupos humanos.

A etnofilosofia busca evitar o etnocentrismo, que é a tendência de avaliar outras culturas em relação aos padrões e valores da própria cultura. Em vez disso, ela promove uma abordagem mais inclusiva e respeitosa, reconhecendo a validade e a riqueza das perspectivas filosóficas diversas ao redor do mundo.