ÍNDICE:
ToggleA validade formal e a validade material (ou verdade)
A lógica tem como preocupação determinar a validade de um pensamento, ou seja, a consistência do enunciado consigo mesmo, sem se preocupar em verificar se seu conteúdo é verdadeiro.
Em qualquer argumento, é necessário considerar tanto os aspectos formais quanto os materiais. Portanto, é importante distinguir a validade formal da validade material (ou verdade).
Para ilustrar, consideremos o seguinte enunciado: “Sâmara Udchel proferiu uma discussão com os líderes da Associação de Leitura, em 1992, em Roma”.
Uma análise gramatical revela que este enunciado está corretamente formulado, seguindo todas as regras gramaticais. A ausência de qualquer erro sintático neste enunciado leva-nos a considerá-lo como um todo coerente.
Do ponto de vista lógico, este enunciado (ou frase, juízo ou oração) é válido ou tem validade formal. No entanto, uma análise histórica do seu conteúdo revela que há uma falta de veracidade, pois Sâmara Udchel já havia falecido quando o Acordo Geral de Paz foi assinado.
O que é a validade formal e o que é a validade material (ou verdade)?
Do ponto de vista lógico, a validade formal refere-se à estrutura e articulação dos elementos de um raciocínio ou argumento, ou seja, à sua estrutura formal. A adequação do conteúdo do nosso raciocínio ou argumento à realidade por ele expressa é chamada de validade material ou verdade.
Assim, um enunciado será formal e materialmente válido se os elementos que o constituem formarem um todo coerente e se o seu conteúdo estiver em conformidade com a realidade que ele expressa. Por exemplo: “Nenhum ser vivo é imortal”.
Para uma melhor compreensão do que acabamos de dizer, vamos esclarecer em termos de “forma” e “matéria”:
- A forma refere-se à estrutura do raciocínio ou pensamento, sendo, portanto, relacionada à validade ou não validade;
- A matéria refere-se ao conteúdo de determinado raciocínio ou pensamento, sendo, por isso, passível de ser verdadeiro ou falso.
Partindo dos exemplos acima apresentados, podemos concluir que:
- A validade ou invalidade de um argumento ou pensamento diz respeito à conformidade ou inconformidade com as regras gramaticais e com as regras lógicas de inferências ou pensamento válidos;
- Certos argumentos ou pensamentos podem ser formalmente válidos, mesmo que seus elementos constituintes não sejam verdadeiros;
- A verdade das premissas ou da conclusão de um argumento resulta do confronto do seu conteúdo com a realidade referida, portanto, logicamente falando, a verdade diz respeito ao conteúdo ou matéria do argumento.
Artigos “Lógica I”
Confira estes artigos:
-
Definição: O que e? Tipos e Regras
A definição é a operação lógica que consiste em determinar com rigor e compreensão exata…
-
Classificação dos conceitos e dos termos
Vamos fazer a Classificação dos conceitos e dos termos, quanto à: Compreensão, Extensão, Relação, Modo…
-
A lógica do conceito e termo: Extensão e compreensão
Podemos definir o conceito como um ato mental pelo qual se confere uma certa qualidade…
-
Princípio da inteligibilidade: “o ser é inteligível”.
Princípio da inteligibilidade: “o ser é inteligível; a ordem do ser é a ordem do…
-
Princípio do determinismo: há uma ordem natural das coisas
Princípio do determinismo: há uma ordem natural das coisas, tal que, as mesmas causas, postas…
-
Princípio da finalidade: “todo agente age para um fim”
Princípio da finalidade: “todo agente age para um fim; o fim é a primeira causa…
-
Princípio de substancialidade
Princípio de substancialidade: “tudo o que é acidental pressupõe a substância”; o que muda, pressupõe…
-
Princípio da causalidade: todo o efeito pressupõe uma causa
Princípio da causalidade: todo o efeito pressupõe uma causa; o que vem a ser exige…
-
Princípio da Razão Suficiente
Princípio da Razão Suficiente: “Tudo o que existe tem uma razão suficiente em si ou…
-
Princípios da razão: Identidade, não contradição e terceiro excluído
Os princípios da razão são fundamentos e garantia da possibilidade da coerência do pensamento: Identidade,…
